domingo, maio 31, 2015

Família, o lugar do amor



Com certeza já ouvimos expressões como: “almoço caseiro; comida caseira; ambiente familiar; aconchegante como um lar; coração de mãe; homem ou mulher de família; colo da mamãe; estou me sentindo em casa”. São expressões que evocam, ou são utilizadas para evocar, idéias de segurança, de amor, de algo bom, que nos acolhe.

Por trás dessas expressões está a família – o melhor ambiente para nascer e morrer. O melhor lugar para viver. É ali, no ambiente familiar que somos reais, autênticos: é onde podemos manifestar com tranqüilidade os nossos medos, as nossas tristezas, as nossas dificuldades, os nossos fracassos, os nossos sonhos, as nossas alegrias, as nossas vitórias, enfim, é onde colocamos para fora a nossa luta do dia a dia, é onde expressamos o nosso ser, o nosso pensar, sem máscaras, sem maquiagem.

Como é bom poder ter uma família para sentir-se mais humano e valorizado, independentemente de nossas qualidades intelectuais, profissionais ou até mesmo físicas. Como seria bom se toda criança no mundo nascesse no seio de uma família e esta, e todos os seus integrantes, pudessem e quisessem cuidar dessa criança sempre, inclusive quando passasse a ter 70, 80, 90 anos. E que esse cuidar significasse mostrar que todos somos iguais, brancos, negros, amarelos; de cadeira de rodas, de muletas, cegos ou surdos... Que esse cuidar significasse também mostrar que valores como amizade, carinho, atenção, fidelidade, lealdade, sinceridade, saber ouvir, perdoar, sacrificar-se pelos outros, valem muitíssimo mais que roupas, tênis, brinquedos, aparelhos eletrônicos, automóveis... Que esse cuidar fosse um testemunho, um exemplo vivido concreto e real de que, nós, seres humanos, valemos pelo que somos e não pelo que temos.

A sociedade parece clamar por ética, integridade, solidariedade, respeito, honestidade, mas, paradoxalmente, parece não enxergar que tudo isso é forjado no seio de uma família unida, constituída por pessoas que se doam e não simplesmente dão , que valoriza a vida, desde a sua concepção.
Precisamos gritar aos quatro ventos que uma sociedade mais harmoniosa é fruto de famílias harmoniosas, sem deixar de considerar que isso signifique ausência de conflitos, pois estes, quando encaminhados pelo diálogo e pelo respeito, conduzem ao fortalecimento dos laços familiares. É, portanto, extremamente urgente cuidarmos da família, instituição criada e querida pelo próprio Deus.

Cuidamos da família quando sabemos escutar um relato de um filho, o abraçamos, beijamos, quando mostramos a ele a importância da natureza e do respeito por todos os seres humanos, quando incutimos nele, no nosso filho, que amar é servir e é também doer-se pela dor do outro, quando não deixamos de corrigir com carinho sempre que necessário. Cuidamos da família quando as nossas conversas com os filhos não são feitas com a televisão ligada ou somente no carro. Cuidamos da família quando gastamos tempo com os filhos, quando sabemos quais são as suas amizades, quando lhes mostramos que Deus não está lá nas alturas, mas sim ao nosso lado e quer nos ouvir, falar conosco, interessando-Se por nós.

Cuidamos da família quando não permitimos que os muros e cercas, tão presentes nas paisagens das cidades, invadam nossos lares. Esses muros e cercas no âmbito familiar são o egoísmo, o colocar-se em primeiro lugar, o não ouvir, o não corrigir quando necessário e o não participar da vida escolar dos nossos filhos.

A família é um bem preciosíssimo da humanidade, um dos mais valiosos que há. Podemos dizer que é nela que mulheres e homens conhecem o amor. E o que são mulheres e homens sem amor? Como nos afirmou o Papa João Paulo II, «o homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo próprio, se nele não participa vivamente».

Que todos encontrem na sua família o amor! 

Autor: Anselmo Branco 

ECA comentado: ART. 19/LIVRO 1 - TEMA: Convivência familiar

 
Entre os direitos fundamentais da criança elencamos, ao lado do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à liberdade, à proteção no trabalho, o direito a ser criado e educado (a) no seio da família, (b) excepcionalmente, em família substituta, (c) assegurada a convivência familiar e comunitária, (d) em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de entorpecentes ( cf. art. 19).
 
a) Realmente, a família é condição indispensável para que a vida se desenvolva, para que a alimentação seja assimilada pelo organismo e a saúde se manifeste.

Desabrochar para o mundo inclui um movimento de dentro para fora, o que é garantido pelos impulsos vitais vinculados à hereditariedade e à energia próprias do ser vivo. Mas este movimento será potenciado ou diminuído, e até mesmo obstaculizado, pelas condições ambientais: 60%, dizem os entendidos, são garantidos pelo ambiente. Não basta pôr um ser biológico no mundo, é fundamental complementar a sua criação com a ambiência, o aconchego, o carinho e o afeto indispensáveis ao ser humano, sem o que qualquer alimentação, medicamento ou cuidado se torna ineficaz.

O ideal é que os filhos sejam planejados e desejados por seus pais e que estes possam garantir-lhes a sobrevivência nas condições adequadas. E fundamental, pois, que os adultos que geraram a criança a assumam e adotem.

A família é o lugar normal e natural de se efetuar a educação, de se aprender o uso adequado da liberdade, e onde há a iniciação gradativa no mundo do trabalho. É onde o ser humano em desenvolvimento se sente protegido e de onde ele é lançado para a sociedade e para o universo.

É fundamental ao Estado entrar para cooperar neste papel, que, embora entregue à família, é função de toda a sociedade, e sobretudo dos que detêm a gestão da coisa pública.

É indispensável, pois, que os recursos públicos cheguem diretamente aos membros da família para lhes garantir as condições de alimentar, proteger e educar o ser em desenvolvimento. 

É o que garante o art. 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente quando afirma que "a falta de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou suspensão do pátrio poder" - devendo, no caso, "a família" ser incluída em programas oficiais de auxílio. Essas medidas são citadas também no art. 129, I a IV.
Muito antes, porém, o espírito do art. 19, ao assegurar à criança o direito de ser educada na família, quer, acima de tudo, supor que os membros adultos da mesma (pais, irmãos mais velhos ou, até mesmo, tios ou avós), dentro de uma política econômica e social (que leve em conta os direitos humanos), tenham garantidas as condições essenciais de salário para uma sobrevivência digna do núcleo familiar. Assim sendo, as crianças e adolescentes poderão dedicar-se ao estudo, à iniciação profissional e ao lazer sem necessitarem precocemente ser introduzidos na dura luta pela auto manutenção, numa insustentável e absurda condição de precisar gerar renda antes mesmo de desabrochar para a vida.

Outra realidade igualmente contemplada no art. 19 é que o recolhimento de crianças em internatos contraria o direito fundamental, aqui reconhecido, da convivência familiar e comunitária, cujos benéficos efeitos acima salientamos. 

Os dois extremos, portanto - precisar garantir muito cedo a sobrevivência nas ruas, ou receber tudo pronto na instituição fechada - são situações prejudiciais ao desenvolvimento adequado do ser humano. A rua, como se apresenta hoje, especialmente na cidade grande, é, para a criança (sobretudo se rompeu os vínculos familiares), extremamente desumana, cruel: aponta descaminhos com difícil retorno, que desafiam a dedicação e a capacidade criativa dos educadores de rua. De fato, a vivência nas ruas desenvolve enormemente as habilidades e a criatividade indispensáveis para enfrentar os desafios e imprevistos do espaço aberto, mas dificulta a percepção de certos limites que a vida em sociedade requer, potencializa a impulsividade desregrada e inconseqüente.

No extremo oposto, o adolescente que, desde a infância, vive enclausurado sofre um terrível trauma ao ser lançado - mal aponta a maioridade - na sociedade, que se lhe apresenta como um espaço cheio de atrações, mas depois é fonte de desilusões e desenganos. Isto ocorre sobretudo no que diz respeito à automanutenção, ao uso do dinheiro, à administração da própria existência. O assumir a vida com autonomia é difícil em todas as situações, particularmente o é para o adolescente que cresceu recolhido na instituição, sem poder participar e entender como se provê às necessidades da vida desde a alimentação, a limpeza, as condições de trabalho até as opções de lazer, impedido de se adaptar gradativamente às exigências da vida social.
É no dia-a-dia da vivência no pequeno núcleo familiar e no círculo mais amplo das relações de vizinhança, de bairro e de cidade, na escola e no lazer que a criança e o adolescente vão-se abrindo para o mundo e assimilando valores, hábitos e modos de superar as dificuldades, de formar o caráter e de introduzir-se na vida social. O dia-a-dia massificado da grande instituição despersonaliza as relações, torna artificial a convivência e impede a experiência capilar das rotinas familiares, que dificilmente são comunicadas teoricamente em aulas e exercícios.

b) Na hipótese de realmente ser impossível à criança a permanência no seio da família biológica, é natural que se lhe garanta, então, excepcionalmente, a família substituta. Esta também será capaz de lhe ministral- experiências positivas, porque acolher, adotar, é como gerar de novo, é estabelecer laços, é assumir uma forma autêntica de filiação e paternidade. É só com este aspecto que se admite a função supletiva de guarda-tutela ou adoção.

c) Admite, ainda, o Estatuto (art. 101, VII e parágrafo único) que a criança poderá ser acolhida temporariamente em abrigo. Recomenda-se, ou, melhor, exige-se, pelas condições estabelecidas no art. 92, que ele tenha as características mais próximas da realidade de uma família e com uma dinâmica própria de intercâmbio com a comunidade. Estas exigências querem reafirmar que a situação normal e natural está na família e que a ela precisam ser garantidas todas as condições de criar e educar o ser em desenvolvimento. Em torno dela para servi-la e complementá-la, estão a escola, a iniciação ao trabalho e os programas de proteção.

d) O art. 19 prevê, no entanto, que o direito da criança e do adolescente a uma vida familiar e comunitária requer "um ambiente livre de pessoas dependentes de entorpecentes". Supõe-se, em outras palavras, um ambiente sadio. Para isto, prevê-se, igualmente, o dever do Estado e da sociedade de garantir também aos pais e responsáveis condições de reeducação e apoio para superação de eventuais desvios, como falam os arts. 129, I a VII, e 136, 11.

Acima de tudo, porém, deve estar uma sociedade que, através de uma política de distribuição da renda e da administração pública, dê prioridade às políticas sociais básicas que garantam a vida e sobrevivência digna do ser humano, em função do qual tudo deve ser planejado. 

Este texto faz parte do livro Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado, coordenado por Munir Cury
Comentário de Maria do Rosário Leite Cintra
Pastoral do Menor/São Paulo


Os sinais de uma criança que sofre de abandono afetivo


Com 5 anos uma criança já sabe se é amada ou não. E você saberia identificar os sinais de uma criança que sofre de abandono afetivo?


Ele pode ser vizinho, filho de amigos, amigo do filho, mas também pode ser seu filho, neto, sobrinho, e acima de tudo, ele é uma criança e precisa de alguém ao lado mostrando que ama. Há casos que familiares nem sabem da situação de abandono afetivo. Enquanto outros sabem e não fazem nada. Há ainda os casais separados, em que o filho fica apenas com a mãe ou o pai, enfim, existem inúmeras possibilidades. Mas o abandono afetivo só teve maior visibilidade depois da morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, que levantou questões sobre como identificar e agir frente a situações de abandono afetivo.

bernardo

Assim como Bernardo, muitas outras crianças sofrem de abandono afetivo. Sem chegar a um fim trágico como o do menino, esses pequenos têm de lidar com a falta de carinho e proteção diariamente. Os sinais nem sempre são tão evidentes, e para falar sobre esse assunto, o jornal O Caiobá conversou com o psicólogo clínico, mestre e doutorando em Educação e professor na Faculdade Anglicana de Tapejara e na Universidade de Passo Fundo, Jarbas Dametto.
jarbas
Psicologo Jarbas Dametto
JC: Com quantos anos a criança já pode perceber se está sendo tratada bem ou não?
Jarbas - Desde muito cedo uma criança pode sentir-se desconfortável com o modo como é tratada, um bebê já sente a indiferença, a raiva, a falta de atenção ou afeto de seus cuidadores. No entanto, ter uma percepção consciente disso a ponto de poder comentar seu mal-estar ou imaginar-se em condição mais favorável, é algo que provavelmente só ocorra após alguns anos, em fins da idade pré-escolar (5 ou 6 anos de idade) na qual a criança já se apresenta intelectualmente e socialmente mais amadurecida.

JC: Quais são os principais sinais comportamentais que uma criança apresenta quando está sofrendo alguma privação ou violência emocional?
Jarbas - Instabilidade emocional (choro fácil, irritação, acessos de raiva sem motivos aparentes); insônia; problemas na alimentação como perda ou aumento brusco de apetite, náuseas ou vômito; febre sem causa física identificável; autoestima baixa, por vezes acompanhada de auto repreensão (sentir-se inadequada, achar que só incomoda, que não é uma pessoa digna de cuidados ou atenção, que é culpada de alguma coisa); perdas no rendimento escolar e dificuldades de socialização, dentre outros sintomas que podem ser específicos de cada caso.

JC: Existem sintomas físicos que podem ser apresentados por uma criança que se sente afetivamente abandonada?
Jarbas - Não raras vezes, o abandono emocional vem acompanhado de uma displicência no cuidado físico com a criança, aí teremos uma criança “malcuidada”: vestida de modo impróprio (com pouca roupa no inverno, por exemplo), alimentada inadequadamente (obesa ou muito magra), com pequenas doenças ou problemas não tratados, com pouco cuidado em relação à higiene e saúde bucal, etc. Mas também há situações em que a privação é somente emocional, aí fisicamente podem ocorrer doenças de caráter psicossomático, típicas de estados prolongados de estresse e sofrimento afetivo, como sistema imunológico alterado (facilidade em desenvolver doenças infectocontagiosas), dores de cabeça frequentes, doenças gastrointestinais, problemas de pele, problemas respiratórios recorrentes, dentre outros. Em geral será aquela criança que está sempre “doentinha”, sempre sofrendo de algum problema que denuncia seu estado de mal-estar.
     
JC:  Geralmente as crianças procuram ajuda? Ou é raro uma criança procurar ajuda por conta própria?
Jarbas - “Pedir ajuda”, de modo sintomático, mostrando o seu estado de sofrimento, é algo que sempre ocorre, no entanto, buscar ajuda de modo formal, com um profissional da área, é algo que nem sempre acontece. Muitas pessoas irão se manifestar sobre isso somente quando adultas e se sentirem independentes daqueles que lhe foram maus cuidadores. Cabe pontuar que um dos ambientes mais propícios para a identificação e encaminhamento adequado desses casos é a escola, embora não seja função da escola tratar tais situações, sabe-se que as crianças percebem este local como digno de confiança, buscando nele o amparo que lhes falta em casa, sendo comum que os pequenos revelem sua condição a professores ou outros profissionais da educação, cabendo a esses os demais encaminhamentos.

JC: Existem perigos para uma criança que está carente afetivamente? Quais são eles?
Jarbas - Uma criança ou adolescente afetivamente carente pode se tornar mais suscetível à aproximação de estranhos ou pessoas mal-intencionadas, podendo se envolver afetivamente com esses, bem como podem apelar para a formação de grupos que visem saciar esta necessidade, como as gangs formadas por adolescentes. A carência afetiva também aumenta a probabilidade de uso de substâncias psicoativas (drogas, álcool, etc.) a fim de aplacar o sentimento de desamparo e angústia.

JC: Que dicas podem ser dadas para pais ou parentes monitorarem as crianças para saber se esta tudo bem?
Jarbas - Primeiramente, estabelecer uma relação de confiança e diálogo com a criança, de modo que ela se permita falar das coisas que a afligem. Além disso, estar atento às rotinas, aos hábitos, à condição de saúde da criança, e investigar caso apareçam sinais físicos ou indícios emocionais de maus-tratos, não se contentando com explicações precárias que podem ser dadas pela criança, que pode não querer denunciar a situação, ou por um cuidador que pode estar omitindo a verdade.

JC: Quais são as atitudes que devem ser tomadas ao perceber que uma criança não esta bem?
Jarbas - Nessas condições, normalmente a pessoa que percebe a situação não é o responsável legal da criança, nem possui a guarda desta, sendo que por esses motivos a situação se torna um tanto delicada. Em um primeiro momento, caberia tentar dialogar com o cuidador supostamente negligente, para verificar a situação que está ocorrendo, inclusive porque este também pode estar precisando de ajuda (a negligencia dos pais pode ser reflexo não de uma má vontade ou crueldade, mas de suas próprias dificuldades emocionais). Já em situações em que não há esta abertura, deve-se buscar os órgãos competentes e relatar a situação para que ocorra uma mediação do Estado frente ao problema (o Conselho Tutelar, a delegacia ou a Justiça).
      
JC: Uma criança que sofreu carência afetiva na infância pode ter algum problema emocional depois de adulta?
Jarbas - Sendo na infância que se estabelece nossa personalidade, é inegável que a falta de afeto neste período acarretará reflexos no futuro. No entanto, a natureza dos problemas na idade adulta dependerá bastante da história de vida de cada um. Tais problemas podem ser, desde um sentimento persistente de mal-estar e a busca por reparação desta falta, até problemas mais graves, como desajustes de conduta social e afetiva ou formações psicopatológicas como os diversos transtornos mentais que podem afetar o adulto. 

JC: Uma pessoa de fora da família se envolver em uma situação de abandono afetivo pode ser considerada uma atitude positiva? Mas de que forma a pessoa poderia ajudar essa criança?
Jarbas - Como cidadãos, todos partilhamos de certa responsabilidade para com as crianças em geral. Como acima referido, cabe a todos tentar dar a criança as melhores condições possíveis para seu desenvolvimento, seja orientando os cuidadores e os auxiliando em alguma dificuldade, seja levando às autoridades casos em que as condutas ganham semblantes perigosos. No entanto, cabe considerar que não podemos reparar de todo uma falta de natureza afetiva, por exemplo, uma professora afetuosa não substitui uma mãe afetuosa, são papeis distintos, assim como o carinho de uma tia não dará conta de uma demanda por pai e mãe. Isso não significa que devemos nos abster de demonstrar afeto às crianças, pelo contrário, mas sempre ocupando o papel que nos cabe: de amigo, de parente, de professor, de vizinho, etc., sem construirmos, em nós e na própria criança, a ilusão de que tais relações suprem as faltas geradas pela precariedade da relação com os que deveriam ser seus cuidadores.  

Fonte: (http://www.100e7.com.br)

9 consequências que a “terceirização dos filhos” pode causar



A maioria dos pais que passa muito pouco tempo com os filhos costuma dizer para os outros e até para si mesmos que “qualidade é melhor do que quantidade”. Entretando, por mais que haja verdadeira boa intenção nessa frase, a ausência significativa das figuras parentais tem grande chance de deixar marcas na personalidade de crianças que ainda estão em formação e precisam da presença concreta de figuras de referência e afeto.

Abaixo, uma lista de consequências possíveis.Vale a reflexão!

1) Quebra de vínculos

Por mais que a mãe precise trabalhar, é muito importante que ela se planeje e que consiga ficar o maior tempo possível com seu filho. Substituir os cuidados da criança com algum outro adulto (babá, avó, avô etc.) não é a mesma coisa. O vínculo, principalmente no primeiro ano de vida do bebê, é fundamental e é maior com a pessoa que cuida, que fica junto. Portanto, se o bebê passa 90% do tempo com algum outro cuidador, o vínculo será maior com ele. Martins não critica as mães que precisam realmente trabalhar e ajudar a família, mas pede que priorizem os filhos. “Trabalhem, mas não esqueçam as crianças. Sempre que possível, fiquem com elas. Deem atenção e mostrem carinho”.

2) Educação que os pais não aprovam

Muitos pais exigem que as escolas eduquem seus filhos. Porém, o papel da escola é alfabetizar, ensinar conhecimentos gerais, dentre outras coisas. Mas a educação vem de casa. Quem deve ensinar a andar, tirar a fralda, chupeta, falar “obrigado”, “por favor”, portar-se à mesa, ter afeto, modo de conversar etc., é a família! Portanto, não exija uma educação exemplar se você não tem paciência para mostrar ao seu filho o que é certo.

3) Falta de limites

Assim como na educação, os pais é que devem saber impor limites às crianças. As crianças terceirizadas, na grande maioria das vezes, não têm limites. Isso porque os pais chegam em casa tarde da noite e não querem brigar com os filhos, não querem que as crianças chorem ou gritem por algum motivo, então eles acabam cedendo a tudo o que os filhos exigem. E esse tipo de atitude é crucial na educação.

4) Prioridade invertida

O que acontece atualmente é que os pais têm grande limitação em abrir mão do conforto da vida que tinham antes dos filhos. Ou seja, querem o prazer de ter filhos, mas ignoram o desprazer, como se o ônus e o bônus não fizessem parte do mesmo pacote. O que é realmente prioridade na vida dos pais? A presença do pai ou da mãe é fundamental nos momentos de troca de fralda, quando a criança está adoecida, quando está num momento de birra… Não apenas quando está sorrindo e brincando.

5) A não valorização do outro

Diversos casos de delinquência juvenil, quando observados de perto, mostram crianças que foram totalmente solitárias, criadas sem vínculos razoáveis e, por viverem sob um abandono dilacerante, não aprenderam a valorizar “o outro” e não pensam que as pessoas devam ser respeitadas.

6) Problemas com figuras de autoridade

As crianças verdadeiramente terceirizadas, ou seja, as que possuem vínculos enfraquecidos com seus pais, provavelmente terão uma relação complicada com figuras de autoridade, pois, ao longo de suas vidas, exerceram autoridade sobre ela, pessoas com quem ela não possuía vínculos afetivos suficientes.

7) Baixa autoestima

A forte ausência dos pais pode também causar baixa autoestima nas crianças. É muito importante que os pais estejam presentes nos eventos escolares, nas entrevistas com os professores, nos jogos de futebol do colégio e qualquer outro compromisso em que elas solicitem sua presença. A “falta” dos pais nessas ocasiões, mexe muito mais com os filhos do que você imagina. Principalmente, no momento de ir aos consultórios médicos (hoje em dia muitos pais delegam essa “função” para as babás). As crianças já se sentem acuadas nesses ambientes, e a presença de um dos pais é fundamental para transmitir confiança, segurança e conforto.

8) Problemas comportamentais

Estes problemas são muitas vezes um escudo que as crianças usam para proteger suas questões profundas de abandono e medo. Por exemplo, uma criança que vive em um lar com pais totalmente ausentes, tem mais chances de desenvolver uma atitude negligente com um ar de superioridade arrogante para esconder o fato de que ela realmente os quer em sua vida.

9) Sensação de falta de afeto

Muitos pais podem estar fisicamente próximos de seus filhos durante a maior parte do dia, mas podem não estar afetivamente disponíveis a eles. Não conversam intimamente, não brincam, brigam e gritam a maior parte das vezes que se dirigem à criança. Crianças precisam se sentir amadas, precisam saber que são prioridade! Não consigo imaginar meus filhos sentindo falta de afeto, isso aperta meu coração. Tudo o que mais queremos na vida é que nossos filhos saibam que são as pessoas mais importantes das nossas vidas e que são MUITO amados! Isso faz toda diferença no desenvolvimento deles.

Fonte indicada: Just Real Moms 
Fonte:  http://www.contioutra.com

sábado, junho 08, 2013

Órfão de pais vivos


Quantos filhos não trocariam muitos bens que possuem pela presença mais constante de seu pai?

O abandono afetivo geralmente acontece após o divorcio dos pais
Foto: Divulgação

AutoraLaís Loureiro(Graduada em Psicologia pelo UNIPE, Especializanda em Neuropsicologia, Atuação na área clinica com abordagem em Psicologia Cognitivo-Comportamental.)

Filhos que tem pais vivos mas não tem seu amor, seus cuidados, seu carinho,sua atenção, onde poucas vezes tem apenas ajuda financeira.

O abandono afetivo geralmente acontece após o divorcio dos pais e a figura que se faz ausente em sua grande maioria é o pai.

Após a separação o pai deixa de ver a criança, deixa de visitar e de se fazer presente e participar da vida do menor, passando a ser uma figura cada vez mais desconhecida e distante.

O que tem acontecido bastante hoje em dia, devido ao alto índice de separações conjugais, é o distanciamento da figura paterna que chega a perder o contato com seus filhos, fazendo com que esses sejam verdadeiros órfãos de pai vivo.

Os filhos que sofrem do abandono afetivo não construirão uma memória positiva de amor, de carinho, de afeto, de afago, de cuidados, referente ao pai ausente, assim como, não se sentirão importantes para a figura que o abandona, sendo assim, muito provavelmente, embora haja sofrimento, com o passar do tempo substituirão a figura ausente por outra pessoa acolhedora que faça parte do seu convívio.

Psiquicamente essa substituição é positiva pois contribui para construção da personalidade baseada em referenciais suficientemente bons, onde haverá referencia de amor e moral.

Toda e qualquer criança precisa se sentir acolhida e amada, o abandono afetivo destrói a auto-estima, destrói a referencia de amor e moral que a criança um dia teve.
 
Pais que agem dessa maneira esquecem que uma criança além das necessidades materiais tem muitas outras: ser protegida, ensinada, amparada, encorajada e, sobretudo, amada. São coisas que também fazem parte da função de um pai. Com um valor maior do que, por exemplo, pagar uma escola caríssima para o filho.

Essa função não deve ser perdida sob nenhuma hipótese e há a necessidade de que este pai seja maduro o suficiente para entender que o casamento acabou e não o papel de pai, que embora esteja enfrentando o divorcio, seus filhos não devem ser penalizados e esquecidos de tal forma.

Quantos filhos não trocariam muitos bens que possuem pela presença mais constante de seu pai?

Ter um filho vai além de uma questão afetiva. É uma questão moral. Quem tem um filho tem o dever moral de cuidar dele em seus aspectos físicos e psíquicos, até que ele possa por si só caminhar sozinho. E mesmo assim os pais continuam indispensáveis. Assim como é dever dos filhos cuidar de seus pais. De uma coisa ela vai precisar sempre – de um pai e uma mãe que estejam ao seu lado para enfrentar os desafios.

Infelizmente, o índice de abandono afetivo é real e alto. Quem é pai, pode até não se fazer presente mas é consciente deste ato pois sabe que existe uma criança “abandonada”, sendo assim, sob esta ótica é indescritível definir um ser humano que de forma consciente abandona seu filho, colocando-o sob a condição de filho órfão de um pai vivo.

Fonte: http://www.fernandaalbuquerque.com.br/

Abandono afetivo de filhos pode virar crime


Autora: Patrícia Oliveira

 O Projeto de Lei do Senado que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para caracterizar o abandono moral dos filhos como ilícito civil e penal deve voltar a ser analisado, ainda neste semestre, em decisão terminativa, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).
 
Aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), a matéria entrou na pauta da CDH  em 11 de dezembro do ano passado, mas a discussão e a votação foram adiadas para 2013.

O PLS (700/2007), do senador licenciado Marcelo Crivella (PRB-RJ), propõe a prevenção e solução de casos “intoleráveis” de negligência dos pais para com os filhos. E estabelece que o artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar acrescido do artigo 232-A, que prevê pena de detenção de um a seis meses para “quem deixar, sem justa causa, de prestar assistência moral ao filho menor de 18 anos, prejudicando-lhe o desenvolvimento psicológico e social”.

Na justificação do projeto, Crivella ressalta que “a pensão alimentícia não esgota os deveres dos pais em relação a seus filhos. Os cuidados devidos às crianças e adolescentes compreendem atenção, presença e orientação.” Para o senador, reduzir essa tarefa à assistência financeira é “fazer uma leitura muito pobre” da legislação.

O texto cita o artigo 227 da Constituição, que estabelece também como dever da família resguardar a criança e o adolescente “de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

O Código Civil é citado nos artigos em que determina que novo casamento, separação judicial e divórcio não alteram as relações entre pais e filhos, garantindo a estes o direito à companhia dos primeiros.

Além do amparo na legislação, a proposta é baseada em decisões judiciais que consideraram a negligência dos pais, “condutas inaceitáveis à luz do ordenamento jurídico”. O texto faz referência ao caso julgado, em 2006, na 1ª Vara Cível de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, em que um pai foi condenado a indenizar seu filho, um adolescente de treze anos, por abandono moral.

Mais recentemente, em maio de 2012, outro caso chamou a atenção. Em decisão inédita, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) obrigou um pai a pagar R$ 200 mil para a filha por abandono afetivo. No entendimento da ministra Nancy Andrighi, “amar é faculdade, cuidar é dever”.

Fonte: Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Sensação de abandono na infância gera complexos



AutoraRosemeire Zago (psicóloga clínica com abordagem junguiana)

Um dos sentimentos mais difíceis de serem superados creio que seja a dor do abandono, da rejeição, da perda, que para muitas pessoas começa logo cedo. Não me refiro só ao abandono cujos pais o deixaram desde o nascimento. Mesmo quem teve pai e mãe presente, pode sentir-se abandonado, se sentir que sua mãe não o escutava, não ouvia. Quando a criança não é aceita em sua realidade, ela não vivencia a autenticidade de seus próprios sentimentos. Não é preciso que a criança seja órfã para ter esses sentimentos, mas é claro que serão mais intensos em quem realmente viveu ou vive a orfandade.

Quando o relacionamento primário fundamental foi comprometido, não havendo um envolvimento total dos pais com os cuidados básicos da criança, ela desenvolverá mecanismos inconscientes para contar com seus próprios recursos. É quando o bebê experimenta o abandono e passa desde muito cedo a agir como um ser independente, como se no fundo soubesse que não pode contar com mais ninguém. 

Diante desse abandono podemos encontrar três complexos psicológicos principais. Entendemos por complexo uma determinada situação psíquica de forte carga emocional, que muitos conhecem como "trauma". Ou seja, os complexos são portadores da energia afetiva.
 
Esses três complexos são:



- Profunda sensação de ausência pessoal de valor:


O calor materno oferece à criança a sensação de valor. Quando esse amor deixa de existir a pessoa se sente rejeitada, acha que fez alguma coisa errada, sendo assim, inaceitável, e passa a duvidar da razão de sua própria existência. Sentimento que pode perdurar durante anos ou uma vida inteira dentro de algumas pessoas e refletir em todas áreas de sua vida. A tão conhecida baixa auto-estima. A sensação de ter valor é essencial à saúde mental, pois quando se sente valiosa, a pessoa cuidará de si mesma de todas as maneiras que forem necessárias.



- Sensação de culpa:

Essa culpa não deve ser confundida com a culpa mais consciente que a pessoa sente quando faz algo. É uma culpa mais profunda, onde acaba por se culpar por não ser amado, aceito. Essa busca pela mãe, ou pela fonte de carinho e amor, pode desencadear outros processos na vida da pessoa. É como se estivesse sempre em busca dessa proteção. Sente que tem uma dor que não pode ser aliviada, e assim, acaba por sentir pena de si mesmo, desenvolvendo muitas vezes a auto-piedade. Espera, ainda, que os outros também a vejam assim, sempre esperando que alguém venha salvá-la.

Esse quadro pode gerar relacionamentos de muita dependência. Como perdeu sua ligação com a fonte de sustentação da vida, apega-se a toda pessoa que possa lhe oferecer segurança. Alguns se apegam a qualquer objeto, pessoa ou forma de comportamento que representa segurança, como sexo, dinheiro, comida, drogas, entre outros. Até o momento de perceber, o que muitas vezes pode levar anos, que esse objeto não tem o mesmo significado e não irá efetivamente suprir essa carência e esse vazio.

Poderá também desenvolver muita dificuldade em lidar com a solidão. Como não tem o bastante de si mesma, sente que tem valor apenas quando está na presença de outra pessoa, como se fosse vital para sua sobrevivência. Pode ainda desenvolver uma dependência mútua, criando um verdadeiro elo simbiótico inconsciente, ou seja, o que muitos vivem e conhecem como relação doentia. Onde nenhum dos dois consegue deixar esse vínculo, apesar do sofrimento instalado. Essa situação de excessiva dependência entre duas pessoas cria uma situação psicológica improdutiva e, conseqüentemente, não há troca, crescimento, mas sim muito sofrimento. Torna-se uma situação difícil de ser rompida, pois há muito medo de ser deixado, ficar só, evitando a todo custo, mais um abandono.


Poderá ainda acontecer o contrário, a pessoa mesmo querendo manter a relação, abandona a outra pessoa, para que ela mesma não seja abandonada. Essa situação de dependência pode fazer com que a pessoa torne-se a criança-vítima, ou seja, procura ser boazinha com o intuito de ser cuidada, gerando a necessidade de agradar e a dificuldade de dizer não, buscando sempre e, inconscientemente, aprovação e reconhecimento. É preciso tornar consciente sua dependência e suas eventuais conseqüências para que não fique repetindo situações de abandono.


- Profunda atração pela morte:

Para a criança, o abandono por parte dos pais é equivalente à morte. Essa sensação é mais profunda em quem realmente perdeu a mãe no momento do nascimento. Mas também por quem não foi literalmente abandonado, mas vivenciou esse medo, ele pode ressurgir mais acentuadamente em momentos de renascimento ou quando algum projeto está para ser iniciado, como em momentos de mudança, pois todo caos que precede a cada novo nascimento acaba por gerar um doloroso processo de recordação de sua experiência traumática inicial do abandono, podendo facilmente sentir-se imobilizado frente ao desconhecido, sem permitir-se crescer, transcender, resistindo às mudanças.


Pode existir em algumas pessoas a síndrome do aniversário, onde revive nesse dia seu trauma de infância, o abandono, evitando assim, qualquer tipo de comemoração.


Para lidar com todos esses aspectos o mais indicado é ter consciência de todo esse processo e, principalmente, dos sentimentos que surgem. Falar sobre eles poderá ajudar a integrar conteúdos que estão no inconsciente ao consciente.

É preciso aceitar toda essa realidade e não negar seus sentimentos e carências, assim suas necessidades poderão ser supridas de maneira equilibrada e consciente e não através de relações doentias.
Ao se permitir sentir dor, raiva, mágoa e tristeza, poderá começar a amenizar sua dependência e assumir mais responsabilidade por si mesmo e por seus sentimentos.


Quando esses presentes, carinho, afeto, demonstrações constantes de amor, como a certeza de que não será abandonado, não foram dados pelos pais, é possível obtê-los de outras fontes, porém esse processo em geral, dura a vida inteira. Mas é possível transformar toda a dor do abandono ao interagir com essa criança que apenas espera por seu amor.


Fonte : http://www2.uol.com.br/vyaestelar

Saiba como lidar com a mentira na educação dos filhos




Mentira: "... pais são os principais mestres, muito mais com o que mostram em suas atitudes, que com suas palavras"
“Eu não quero que meu filho minta” – essa é a expressão do desejo de todos os pais.
"Pais que costumam mentir criam filhos que mentem. Pais que usam sempre da verdade, que assumem a responsabilidade por aquilo que fazem e dizem, criam filhos responsáveis e éticos. Só se ensina aquilo que se é" Pois é, não é tão fácil trabalhar esta questão com nossas crianças. Quantos pais saem de casa escondidos das crianças para evitar berreiros? Quantas promessas são feitas para as crianças, sem que se tenha a intenção de cumpri-las? Quantas pessoas, quando toca o telefone, dizem para um filho: “fala que eu não estou”. Ensina-se uma coisa e se pratica outra...
Nada justifica uma mentira, não existem mentiras “piedosas” ou mentiras “politicamente corretas”. Falar a verdade implica em ser honesto consigo mesmo e com os outros e em ter coragem de se responsabilizar por suas ações.

As crianças precisam ser ensinadas à verdade. Tal aprendizado ocorre progressivamente ao longo da infância e os pais são os principais mestres, muito mais com o que mostram em suas atitudes, que com suas palavras.

Com qual idade a criança pode mentir? Não tão cedo. Aos dois, três anos as crianças ainda confundem realidade e fantasia. Muitas vezes, o que o adulto interpreta como mentira é mais uma expressão do desejo fantasioso da criança. Quantas crianças já contaram para suas professoras que a “mamãe está esperando um irmãozinho”? quando nada disto está acontecendo. Quantas falam sobre viagens surpreendentes que fizeram, quando passaram o fim de semana em casa? Porém, aceitar o que é confusão entre fantasia e realidade e não mentira, não implica em aceitar a afirmação da criança sem deixar de mostrar a realidade. Buscar descobrir as razões do desejo fantasioso pode ser importante.

Quando a possibilidade de mentir pode ser evitada

Um pouco mais tarde, a criança pode começar realmente a mentir. Ela mente muitas vezes para escapar, pelo menos temporariamente, de um problema. Fez algo que sabe que não devia e, quando confrontada, mente. Depois, tem que enfrentar dois problemas: o que não devia ter feito e o fato de ter mentido. Muitos pais, sem saber, favorecem tal tipo de situação. Sabem que a criança fez alguma coisa que não devia ou deixou de fazer algo que devia e a interpelam. “Você bateu no seu irmão?”, “Você fez a lição?”, “Você quebrou tal objeto?”... Por impulso, por medo das consequências, por medo de castigo, a criança mente.

Seria melhor não perguntar, mas afirmar: “eu sei que você bateu no seu irmão”, “eu sei que você não fez a lição”, “Eu sei que você quebrou tal coisa”... e tomar as providências cabíveis, evitando a situação de colocar a criança frente a possibilidade de mentir.

Ética

Aprender a lidar com “nãos”, a tolerar frustrações, não é fácil para a criança, que tenta manipular o ambiente para conseguir satisfação de todos os seus desejos. Assim, ela pode tentar mentir, fingir, burlar, enganar, omitir nesta tentativa de manipular o ambiente e nada existe de anormal nestas tentativas. Estes são os momentos preciosos, nos quais os pais podem e devem ensinar o que é certo e o que é errado. O ser humano não nasce dotado de ética. No início da sua experiência de vida, ele não sabe o que é certo ou errado, o que lhe faz bem e o que não faz. São seus pais quem sabem e precisam ensinar, transmitir princípios, normas e regras, que possam dirigir sua conduta.

A mentira consciente, planejada, que tem como objetivo trazer vantagens surge na segunda infância, isto é a partir dos cinco anos e ela é felizmente, rara, sendo sempre um sintoma de um problema no desenvolvimento emocional.

Pais que costumam mentir criam filhos que mentem. Pais que usam sempre da verdade, que assumem a responsabilidade por aquilo que fazem e dizem, criam filhos responsáveis e éticos.
Só se ensina aquilo que se é.

Autora : Ceres Araujo
Fonte : http://www2.uol.com.br/vyaestelar/filhos_mentira.htm

sexta-feira, junho 07, 2013

As principais causas do estresse infantil


Criança também fica estressada e pode adoecer por causa disso. Saiba como deixar seu filho longe deste problema


Definir o que os pequenos devem fazer, pensando em torná-los adultos superpreparados para o mundo moderno e para o futuro, nem sempre é o melhor a fazer
Foto: Getty Images

Que mãe não quer ver o filho nadando feito campeão olímpico, jogando bola como o Neymar, fera no inglês e com notas excelentes o ano todo? Incentivar a criançada a se dedicar a algo é positivo, mas temos que tomar cuidado para não exagerar. Sobrecarregá-las com atividades ou cobranças é uma das principais causas de estresse infantil, que faz tão mal quanto o de gente grande. O psiquiatra Marisol Sendin ensina como identificar o problema e evitar que ele provoque estragos. E lembre-se: criança precisa ter tempo para brincar e para fazer nada também!

Principais prejuízos do estresse à saúde:

· Ganho ou perda de peso.
· Redução no ritmo do funcionamento do intestino.
· Queda da imunidade.
· Interferência nos hormônios do crescimento.
· Aumento do risco para diabetes.
· Dificuldades de aprendizagem e para lidar com os amiguinhos.
· Crises de ansiedade ou depressão.
· Distúrbios de comportamento, marcados pela dificuldade de aceitar regras e limites.
· Alterações na pressão arterial.

Como cuidar?

Refletir sobre o estilo de vida da criança é a primeira atitude a tomar. Ela está sobrecarregada? Ela precisa saber sobre tudo o que se passa na vida dos adultos da casa? A segunda providência é fazer mudanças na rotina dela, caso seja necessário. Por isso, fique atenta se o comportamento do seu filho parecer diferente. Quanto mais cedo se descobre o problema, mais rapidamente a criança melhora. O tratamento pode envolver até medicamentos, que devem ser indicados por um médico, e psicoterapia.

11 sinais de que a pressão passou do ponto

1. Isolamento
A criança se sente fora de lugar, desenturmada e demonstra dificuldade de se relacionar com outras pessoas.
2. Impaciência
Aguardar por algo gera muita agitação, não importa o lugar nem o motivo da espera.
3. Explosões frequentes
Um "não" dos pais já basta para provocar gritaria e bateção de porta.
4. Choro gratuito
Nem a criança consegue definir a causa de sua tristeza.
5. Agressividade
O comportamento se torna mais hostil, podendo render ataques físicos.
6. Lapsos de memória
Esquecimentos de todo tipo passam a fazer parte do cotidiano, com frequência cada vez maior.
7. Pessimismo
O foco está sempre nas situações negativas, nunca nas positivas.
8. Sono agitado ou insônia
Demorar para conseguir dormir ou acordar diversas vezes transforma a noite da criança em um pesadelo.
9. Dor de cabeça ou de barriga
Quem não sente esses desconfortos quando fica estressado? Entre os pequenos, isso é bem comum. Repara só em véspera de prova!
10. Apetite descontrolado
Vale tanto comer demais quanto perder completamente a fome.
11. Dificuldade de concentração
Essa desatenção é notada principalmente na sala de aula, prejudicando a aprendizagem. Por isso é tão importante conversar de tempos em tempos com a professora dos pequenos.

5 razões comuns do estresse em crianças

1. Falta de ritmo. Quando a rotina da casa é imprevisível e nunca existe hora certa para dormir ou para comer, a criança acaba ficando meio insegura, o que pode provocar estresse.
2. Desaprovação frequente. Criticar o filho a toda hora e esquecer de incentivar e elogiar o que é positivo nele só aumenta a pressão sobre o pequeno.
3. Violência física. Além de não ensinar nada de positivo, bater na criança provoca medo e raiva, sentimentos estressantes.
4. Superproteção. Poupar o pequeno das dificuldades impede que ele aprenda a lidar com elas.
5. Traumas. Passar por situações desgastantes demais, como ver os pais brigando, sofrer assalto ou perder alguém querido, gera estresse. E, às vezes, é preciso buscar a ajuda de um terapeuta.

Reportagem: Beatriz Levischi
Edição: MdeMulher
Fonte : http://mdemulher.abril.com.br

terça-feira, junho 04, 2013

Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão – 4 de Junho


Não há o que se comemorar no dia quatro de junho, Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão. É o momento, isso sim, de refletirmos sobre algo terrível: a violência contra os menores.

É preciso ficarmos atentos para o significado dessa agressão e nos questionarmos de que tipo de agressão, afinal, estamos falando. Com certeza, não seria só a agressão física, a mais comum e a mais dolorosa do ponto de vista biológico. Seria ela a mais absurda? Claro que não. Todos os tipos de agressão, sejam elas quais forem, trazem danos ao indivíduo, e, quando se trata de crianças, aí o problema se agrava.


Em uma sociedade, existem diversos níveis de agressão: corporal, psicológica, social, econômica, entre outros.

Engana-se quem imagina que só a rua pode oferecer experiências traumáticas para as crianças. Muitas vezes, as maiores ameaças ao bem-estar infantil estão dentro de casa, em forma de maus-tratos físicos ou negligência (outro tipo de agressão). Os episódios mais rotineiros são afogamento, espancamento, envenenamento, encarceramento, queimadura e abuso sexual.

Faz pouco mais de um ano que um pai, Alexandre Alvarenga, atirou o seu filho de um ano contra um pára-brisa de um carro. O pior de tudo foi que a mãe, que presenciou tudo, não fez nada para impedi-lo de cometer tamanha barbárie. O casal, de Campinas, interior paulista, quase mata a filha de seis anos ao bater a cabeça da menina numa árvore. Após um laudo toxicológico, constatou-se que o casal usara cocaína e agira de forma insana sob o efeito da droga.

Se, com pessoas de classe média, há registros de violência familiar, imaginem com as de baixa renda. Há casos registrados em ambulatórios públicos que ultrapassam a nossa imaginação. Essas crianças são vítimas de lesões que vão de hematomas a ossos fraturados. Todas essas agressões acontecem dentro de casa, local onde deveriam se sentir mais seguras.

A situação das crianças de rua é ainda mais dramática, por estarem expostas à violência e à indiferença. Se elas não receberem uma ajuda, podemos esperar que nos assaltem e apontem uma arma de fogo para nossas cabeças sem piedade alguma, porque nunca demonstramos pena delas. Proteger-se contra essas crianças com grades, muros e armas ou revidar com violência não resolve. A violência só gera mais violência. A criança não é um animal selvagem que se adestra com chicote. Existem outros caminhos. O diálogo e a atenção ainda são o melhor remédio.

Muitas crianças já sabem que não podem apanhar; e os professores, que não devem ficar calados quando descobrem que uma criança é maltratada. Mudanças bruscas de comportamento, como retração ou agressividade excessivas, são sinais de maus-tratos. Outra maneira de se detectar o problema é observar o uso adequado da roupa que a criança está usando. Se o estudante vai agasalhado dos pés à cabeça para a escola em dia de calor, há alguma coisa errada. Às vezes, os pais podem estar tentando esconder hematomas que eles mesmos provocaram.

Convencer os pais de que palmadas não são necessárias na educação dá muito trabalho. Geralmente, os pais foram criados com palmadas, e essa é a única forma de poder que conhecem. Mas nem mesmo um cachorro deve apanhar. Pode-se perfeitamente educá-lo através das palavras. Se um animal não deve ser agredido, imagine uma criança. A palavra deve ser a forma de educar, e não a agressão.

Um outro tipo de agressão contra as crianças é a sexual. Segundo dados do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – Cedeca, uma organização não-governamental baiana, referência estadual, nacional e internacional em relação a essa problemática, desde o início das atividades do Setor Psicossocial, em setembro de 1998, foram atendidos um total de 102 casos até o ano de 2000. Esse universo, ainda que restrito quando comparado ao grande número de casos registrados nas delegacias e aos processos em curso nas varas criminais especializadas, fornece subsídios para se traçar o perfil das crianças e dos adolescentes que estão sendo acompanhados.

As vítimas, em sua maioria, são meninas, o que vem confirmar os dados obtidos na literatura sobre o assunto. No entanto, número de casos de meninos abusados sexualmente tem aumentado, o que permite considerar o fato de que as famílias estão começando a denunciar casos de abuso com vítimas de sexo masculino.

A idade das vítimas varia de 0 a 17 anos e, na maioria dos casos, o agressor é parente, vizinho ou conhecido. Vale a pena ressaltar que as relações de vizinhança nas comunidades mais carentes são muito próximas, pois muitas vezes é com esses vizinhos que as mães deixam seus filhos quando vão trabalhar. São pessoas em que confiam e que não trariam nenhuma ameaça para as crianças, porque estão, aparentemente, acima de qualquer suspeita.

Os dados relativos ao local em que ocorreram as agressões deixam ainda mais clara a afirmação feita anteriormente. Na grande maioria, a violência ocorre na casa do próprio agressor, o que confirma a grande proximidade dele com a criança, ou seja, ela estava teoricamente “segura” e em local conhecido quando foi abusada.

A conseqüência da agressão contra as crianças é danosa, pois o cérebro infantil ainda está se programando. Uma criança que cresce num ambiente afetivo e protegido deve poder se dedicar a tarefas mentais mais sofisticadas, como pensar abstratamente. Se ela não sente medo, pode desenvolver uma postura mais solidária. Assim como acontece com os animais, o ser humano se programa para se proteger da violência, de ambientes assustadores.

Diante de uma agressão, uma de suas primeiras conclusões é a de se tornar frio, perdendo a propriedade típica dos bebês de se colocar no lugar dos outros. Quando um bebê chora, outro que está perto chora junto. Até os dois anos, a criança costuma chorar quando vê outra sofrendo. Elas choram juntas. Depois dessa idade, ela chega perto do amiguinho e tenta consolá-lo.

Fonte: http://www.portalangels.com